quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Luiz Carlos Máximo


CPB:  Nome e idade?

Luiz Carlos Máximo, 50 

CPB:  Fale um pouco sobre você?

Nasci e me criei na Vila da Penha, bairro bom de samba e de futebol. Por lá moraram meu saudosíssimo amigo e parceiro Luiz Carlos da Vila, Ratinho, Sombrinha, Teresa Cristina, Carlão Elegante, Moiseys Marques, e outro dia soube que o Gilsinho, nosso intérprete e filho de um grande músico portelense, Seu Jorge do Violão, morou também lá. No futebol passaram por lá Carlos Alberto Torres, capitão do Tri, Alexandre Torres, Paulinho, autor do gol do tricampeonato carioca do Flu, Romário e tantos outros. Vivi essa atmosfera na "Vila do meu Coração", que é o título de um samba que fiz em parceria com o Da Vila, em homenagem ao bairro, gravado pela imperiana Luiza Dionizio, que também é de lá. E foi nesse ambiente, ouvindo samba e jogando minhas "peladas", que originou meu amor pela Portela e pelo Fluminense.

CPB:  Como chegou à PORTELA?

Sou portelense desde que ouvi o disco "Foi um rio que passou em minha vida" do Paulinho da Viola, que pertencia ao meu pai. Ouvi no início da adolescência. Já curtia a chamada MPB, mas não o samba. Na audição deste disco, o samba despertou em mim. Me apaixonei por todas as faixas e pela voz desse sambista portelense, que é meu ídolo. A partir do Paulinho, conheci os lindos sambas e os grandes compositores da Portela. Ali nascia mais um portelense. Mas como o Paulinho estava afastado da Portela por razões que eu li em uma entrevista, e concordei, não me interessei em frequentar a escola. Até que o Carlos Monte, em 2005 então diretor cultural, que conhecia eu e o Wanderley, e sabia que éramos portelenses, nos convenceu a entrar para a ala, porque havia mudado a direção da escola e o objetivo era reunir a família portelense. 

CPB:  Desde quando você compõe?

Já escrevia versos desde o final da infância. A partir de 17 anos comecei a colocar letras nas melodias de um amigo que tocava violão e agradava naquelas rodas de amigos. Mas depois passei a compor sozinho os meus sambas e encontrei grandes parceiros. O primeiro foi o Marquinhos de Oswaldo Cruz e logo a seguir fiz um grande número de músicas com o Wanderley Monteiro, hoje meu parceiro mais constante, e com outros consagrados como o Luiz Carlos da Vila, o Ratinho, Wilson Moreira, Délcio Carvalho, Toninho Nascimento, Paulo Cesar Pinheiro e outros grandes do gênero.

CPB:  Qual o seu ídolo, no Mundo do Samba?

Meu ídolo maior chama-se Paulo Cesar Batista Faria, o Paulinho da Viola. Além de ser um sambista completo (passeia por todas as vertentes do samba), instrumentista e compositor também de choro, foi fundamental para me tornar sambista. Mas tenho outros ídolos como Paulo da Portela,  Candeia, Chico Santana, Manacea, Alberto Lonato, Monarco, Mijinha, Cartola, Silas de Oliveira.. e dois que nos deixaram há pouco tempo, com quem eu convivi: Ratinho e Luiz Carlos da Vila.

CPB:  Você já é conhecido da mídia, que experiências você tem no SAMBA? 

Conhecido na mídia é exagero. Talvez seja conhecido por algumas pessoas que frequentam rodas e escolas de samba. Mas aprendi mais nas rodas do que propriamente na Portela. Isso porque sou de uma geração que não viveu o tempo em que as escolas formavam compositores através dos sambas de terreiro. O pessoal da minha época foi conhecer os grandes autores e sambas do passado, nas rodas. Ao entrar na Portela, passei pelo processo antigo e que eu acho correto, que é primeiro compor um samba de quadra. Nesta nova gestão da escola foi tentado reabilitar os festivais de samba de quadra. Participei com um samba em parceria com o Wanderley Monteiro e chegamos à final. O samba, "Vestida de Azul" inclusive, foi gravado pela Juliana Amaral, uma cantora de São Paulo. No ano seguinte, ganhamos o concurso com o samba de terreiro "Novo Enredo". E foi gravado pelo Gilsinho num CD com todos os sambas vencedores em cada agremiação, produzido pela Secretaria Estadual de Cultura, que tinha à frente o querido Noca da Portela. A minha experiência no samba vem fundamentalmente da frequência em rodas de sambas e nos papos e nas histórias, que eu gosto e aprendo, contadas pelos amigos sambistas com mais idade.

CPB:  O que você pode falar para o Compositor iniciante na Majestade do Samba?

O Nelson Rodrigues, genial tricolor, ao ser indagado sobre que conselho daria aos mais jovens disse: "Envelheçam!" (rsrs). Não repetiria, mas digo que o legado deixado pelos grandes compositores do passado deve servir de luz para o caminho em busca do novo.
 

CPB:  Para você, o que é ser PORTELA?

É entender fundamentalmente o que Paulo da Portela disse: "Pés e pescoço ocupados". Ele resumiu os valores intrínsecos ao portelense nesta frase.

CPB:  Você tem algum sonho como Compositor?

Como sambista é ver a Portela voltar a ser campeã. E como compositor, ser um dos autores do samba deste desfile em que a Portela conquistará o 22º título. 

CPB:  O que você espera do Concurso de Samba-Enredo da PORTELA 2012?

Primeiramente, que a lisura prevaleça e que os julgadores escolham o melhor para a escola. Mas como  a demagogia nunca foi minha companheira, sem deixar de ressaltar o respeito que merece todos os colegas compositores, espero que o samba da minha parceria seja escolhido como o hino da escola para o próximo carnaval. Pela repercussão, acho que alcançamos o objetivo de agradar aos portelenses.

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