terça-feira, 15 de maio de 2012

Família Diniz - DVD


Tipica família Portelense, a família Diniz se faz sempre presente!

Monarco diz que o problema era o mau rendimento que o filho estava tendo na escola. Mauro Diniz, hoje com 59 anos, não esquece a frase que ouviu do pai quando era adolescente: - Não quero você metido nesse negócio de música. Não adiantou. Mauro se tornou o mais requisitado cavaquinista do samba, tocou com Marisa Monte e muitos outros artistas, além de ser coautor de sucessos como "O meu lugar" e "Parabéns pra você".

E é o idealizador e diretor musical de "Família Diniz - Um coração azul e branco", DVD que será gravado no dia 23 deste mês, às 20h, na Cidade do Samba (aberta para 200 espectadores que levarem 1 kg de alimento não perecível), reunindo três gerações da dinastia iniciada com Monarco.

- Eu me sinto feliz de ver meus filhos seguindo essa trilha. E meus netos também - festeja o patriarca, agora com 78 anos, líder da Velha Guarda da Portela, um dos compositores mais importantes da história da escola e exímio cantor.

Marquinhos Diniz, de 47 anos, é o segundo filho de Monarco que estará no palco. Os netos são três dos quatro herdeiros de Mauro: Juliana, de 25, Thereza, de 20, e João Matheus, de 15.

Como convidados, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, seu filho Arlindinho, Dorina e a Velha Guarda da Portela.

O DVD terá duas músicas, uma na abertura e outra no encerramento, fazendo referência à própria família. E terá outra inédita, "Flores em vida", que Marquinhos compôs em homenagem ao pai.

Monarco é o protagonista do DVD. Hildemar Diniz, seu nome de batismo, teve que largar os estudos no antigo terceiro ano primário. Entre outros trabalhos, foi contínuo da Associação Brasileira de Imprensa, peixeiro em feiras livres e guardador de carros no "Jornal do Brasil". Esperou muitos cantores em portas de rádios para mostrar suas composições, e por vezes nem foi atendido. Hoje, é reconhecido como um nome central do samba.

- Ele fez um show outro dia em Porto Alegre, onde tem até fã-clube. Uma amiga minha disse que parecia a Xuxa chegando - empolga-se a neta Juliana.

- A situação melhorou nos últimos anos, mas quando eu penso no Cartola, meu amigo e mestre, o que eu faço? Ele só foi gravar com mais de 60 anos. Muitos amigos meus da Portela não foram reconhecidos - diz Monarco.

Graças em parte a seus filhos, que também são seus parceiros, ele tem composto novidades e concluído sambas que estavam no baú havia quatro, cinco décadas - "cheios de teia de aranha", como diz o sempre bem-humorado Marquinhos.

Foi assim com "Dolores", cuja primeira parte Monarco criou em 1951, teve a segunda feita por Mauro há poucos anos e, em função da gravação de Zeca Pagodinho, conquistou o título de melhor canção do Prêmio da Música Brasileira de 2011.

- Precisamos preservar tudo o que o papai nos deixou, essa música de qualidade - programa Mauro, que na letra de "Família Diniz", a primeira do DVD, chama os herdeiros de Monarco de "alunos e fãs de tão lindas canções".

Mas os filhos seguiram caminhos diferentes. Mauro é um compositor de estilo semelhante ao do pai e da tradição portelense: lirismo, romantismo, muitas músicas em tom menor.

É natural que assim seja, pois nasceu em Oswaldo Cruz, engatinhou na Portelinha, a antiga quadra da escola, e cresceu ouvindo os amigos do pai tocarem.

- Eram os grandes sacerdotes do samba. E eu ficava copiando os acordes deles no violão e no cavaquinho - lembra ele, que, por sugestão do músico João de Aquino, firmou-se no segundo instrumento, com menos concorrência do que o primeiro.

- Eu tinha um tio, irmão da minha mãe, que tocava muito bem violão, mas só quando bebia. Minha avó cansou disso e tascou fogo no violão. Foi um dia muito triste. Minha mãe até comprou um violão para mim.

Marquinhos é "satírico", como diz o irmão, ou "jocoso", segundo o pai. Com Barbeirinho do Jacarezinho e Luiz Grande, forma o Trio Calafrio, autor de divertidos sucessos de Zeca, como "Caviar", "Mary Lu" e "Dona Esponja". Ele está lançando pelo selo Bolacha seu primeiro CD solo, "Meu samba", que tem peças de humor como "Com dinheiro é mole", prevista para o DVD da família.

Fruto de outro relacionamento de Monarco, cresceu no Jacarezinho e incorporou gírias e costumes da vida na favela. - Faço músicas de amor, mas nessa área tem meu pai, tem o Cartola... - explica ele.

Fazendo parte dessa família e ainda sendo afilhada de Zeca, Juliana Diniz dificilmente escolheria outro caminho para a vida. Já gravou um disco solo e integra há sete anos o elenco do musical "Sassaricando".

- Quando eu era criança, conhecia sambas que muita gente grande não conhecia, inclusive inéditos - conta ela, que anda até compondo, tendo uma parceria com Xande de Pilares gravada pelo grupo Revelação. 

Thereza não tem a mesma ambição artística, dizendo-se tímida e afeita mais a cuidar da administração da família musical - assim como outro irmão, Leonardo, enquanto João Matheus ainda está dando os primeiros passos musicais. Mas ela ostenta com orgulho um cordão com a palavra "Diniz".

- É um nome respeitado, que abre portas - avisa Thereza. E outros integrantes da família estão vindo e podem vir por aí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário