Rosa Magalhães
"Faremos o possível pelo bi da Portela"
Rosa Magalhães, consagrada no cenário dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, fala um pouco do que é estar a frente do barracão da Azul e Branca de Oswaldo Cruz, e alguns detalhes do esperado desfile!
Convite Portelense?
Rosa: E esse convite da PORTELA veio a calhar, para dar uma mexida.
Qual é a expectativa na defesa do título?
Rosa: Todos que estão concorrendo, desde a mais modesta à mais rica, têm essa vontade. Claro que se puder vir o bi, melhor. Se não vier, deu azar. Nós vamos fazer o possível. Todo mundo faz o melhor que pode. Vamos fazer o possível para ficar bom. Eu queria ter começado um pouquinho mais cedo, mas todo mundo teve seus contratempos.
Escolas de Samba, é o momento de se repensar?
Rosa: É bom para dar um sacode no orgulho. Mas o povo não é fácil não, estão mexendo num vespeiro.
Tem como uma escola desfilar com menos alegorias?
Rosa: Sim, dá pra fazer. Isso depende muito da época. Vai e volta. Cita 1982 (aonde mostrou só três carros)! E eram pequenininhos! Não tinham nem chassis. Nós pegamos um chassi do aeroporto, daquele carrinho que anda na pista, que carrega mala. era aquilo. E era emprestado. A gente fazia um apoio com ferro. Aquele carro cabia numa sala. Tinha mais ou menos 6m x 6m.
Rigorosidade de apresentação das escolas?
Rosa: Eu acho que você era mais "ponta". Os horários não tinham esse rigor geométrico. A televisão passava conforme ia acontecendo. As escolas grandes, a Mangueira, a Portela, a Beija-Flor, elas gastavam mais do que uma hora e meia. Tanto que o desfile já acabou meio-dia. E lá estava o povo assistindo, sentado no calorão. É isso que anima. Esse povão que vai ver, cantar junto.
Lugar para a apuração do desfile?
Rosa: Eu fico em casa. Nunca fui. Um calor enorme, as pessoas irritadas, nervosas.
O enredo da PORTELA? Já planejava?
Rosa: Não há muito tempo. Eu já conhecia a história, mas não tinha detalhes. Um amigo meu me emprestou um livro, mas eu ainda assim achei que faltava informação. Depois eu li uma tese muito boa sobre o tema. Tem muitas histórias interessantes por aí.
A intolerância, te inspirou a fazer o enredo da PORTELA?
Sim, a intolerância, a mesquinhez, as dificuldades, a perseguição religiosa. Isso tudo é tão ultrapassado. Até aquela separação lá de Barcelona, os ricos querem se separar dos pobres. Ah, que coisa feia! A cidade mais rica quer se separar. Imagina se São Paulo resolve isso.
Funções do Carnaval?
Rosa: O Carnaval tem muitas funções. Uma delas é essa: contar histórias. O Zumbi, por exemplo, que o Pamplona fez. Ninguém nem sabia quem era Zumbi, a não ser no meio acadêmico. Depois ele se converteu em um símbolo de juventude, de liberdade racial. E está lá na Presidente Vargas, virou feriado. É assim, você põe uma pedrinha, depois outro vem e coloca outra pedrinha e olhamos mais pra frente.
Uma de suas histórias?
Rosa: A do jegue eu acho uma maravilha. Pelo inusitado da história. É uma história completamente absurda! E tudo verídico. Eu acho que, daqui a alguns anos, se contarem essa história que está acontecendo com a gente agora, vai ser um pouco parecido (risos).
PORTELA 2018? Qual o desenvolvimento do enredo?
Rosa: Muito linearmente. É uma viagem. O começo já é em Recife, chegamos em Recife. Depois os judeus, que saíram de Portugal por causa da inquisição, vão ficar em Recife, são muito bem recebidos, porque o interesse era comercial, até que os portugueses, vinte e tantos anos depois, conseguem reconquistar Pernambuco. E a grande riqueza da época era a cana-de-açúcar. E então os portugueses disseram que eles tinham que sair dali, se mudar. Uma parte vai pra Holanda, eles eram das Companhia das Índias, estavam fazendo negócio. Outra parte vai para o Caribe plantar cana e a outra parte resolveu ir para outro empório, que era Nova Amsterdã, na América do Norte. Elas são presos pelos piratas, depois pelos franceses, uma grande confusão. Mas chegam na América do Norte, onde vão trabalhar com venda de peles. E, sobretudo, vão se estabelecer numa região que, depois, vai se chamar Wall Street. Olha que coincidência! E aí fundaram a cidade de Nova Iorque quando chegam os ingleses e expulsam os holandeses. Uma das descendentes desses brasileiros e portugueses que foram pra lá escreveu um poema que está da base da Estátua da Liberdade, muitos anos depois. A Estátua dá boas-vindas aos imigrantes, aos abandonados, aos refugiados, aos desvalidos, maltratados, e aquela seria a terra que iria acolhê-los.
Uma profissional experiente, com um vasto currículo, vencedora e que o COMPOSITORES DA PORTELA BLOG tem a certeza de que a PORTELA está muito bem servida no quesito! Agora é definir o que falta e ir em busca de mais um título!
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