Selma Candeia e Paulinho da Viola
O samba “Minhas madrugadas” uniu em
parceria dois talentosos sambistas portelenses de diferentes gerações: o novato
Paulinho da Viola e o experiente Antônio Candeia.
Muitos não sabem, mas os dois ícones Portelenses haviam se conhecido bem antes do que imaginavam, foi em 1962, numa noite num jogo sinuca no Largo do Machado.
- Num dado momento, entraram dois homens, que cruzaram os braços e ficaram vendo a gente jogar. Quando acabou a partida, um deles se apresentou como policial e nos pediu os documentos, mas muito educadamente. Entregamos, ele olhou os papéis, depois os devolveu, não falou nada e saiu — lembra Paulinho.
Mais tarde, Paulinho relembrou o fato a Candeia.
- Quando contei a história, ele perdeu a fala. Se tivesse um buraco, ele entrava. Me arrependi de ter falado! — diverte-se o cantor.
Hoje, Teresa Cristina, conforme divulgado no BLOG, a cantora portelense, estreia no Circo Voador o seu muito adiado espetáculo em tributo a Candeia. No domingo, a partir das 17h, na Arena Carioca Fernando Torres, no Parque Madureira, uma grande roda de samba festeja o compositor em evento cuja renda irá para o Granes Quilombo, escola de samba fundada pelo compositor em 1975 e que passa por dificuldades. Dia 23, o Timoneiros da Viola, agremiação criada em homenagem a Paulinho, vencedora do Prêmio Serpentina de Ouro de Melhor Bloco do Carnaval 2012, se apresenta a partir do meio-dia, na Praça Paulo da Portela, em mais uma homenagem ao antigo Mestre.
- Eu era muito novo, não sabia nada, e ele tinha muito cuidado comigo”, conta Paulinho.
Nos anos de 1970, eles começaram a alimentar um projeto juntos: o de recriar com crianças o primeiro enredo da Portela, “O samba dominando o mundo”, de 1935. O plano não foi adiante porque, segundo o cantor, “com o tempo a gente percebeu que não havia muito interesse (da escola), que o pessoal estava mais preocupado com o carnaval, com o poder”. Esse descontentamento com a Portela e a preocupação com a falta de espaço para os sambas de quadra levariam Candeia a fundar o Quilombo, com o apoio de amigos como Paulinho.
- A criação do Quilombo foi importantíssima para a história do samba. Aquela era a a escola ideal — defende Teresa Cristina, que começou a cantar samba justamente por causa de um dos LPs de Candeia, “Sambas de roda” (1975), que seu pai ouvia insistentemente quando ela era menina.
- Este meu show é uma espécie de mea culpa. Ele tem o repertório de uma vida, há 15 anos eu venho querendo fazer um espetáculo só de Candeia, define a cantora.
A luta, a esperança, a carga filosófica e o lirismo da obra do compositor encantaram Teresa, que diz apreciar as melodias dos sambas-enredo de Candeia tanto quanto seus partidos-altos e suas canções românticas (“Tudo ali é legítimo, correto e muito bem feito”).
No repertório de seu show (que teve uma espécie de “ensaio aberto” no ano passado, no Teatro Net Rio), a cantora reúne, entre números isolados e pot-pourris, cerca de 30 canções — de Candeia e de alguns outros compositores por ele gravados. Estarão lá, segundo Teresa, os “hinos”, como “Testamento de partideiro” e “Dia de graça”. E mais o sambista ligado ao candomblé, de “Sinhá dona de casa” e “Camafeu” (esta, de Martinho da Vila), ambas gravadas em “Samba de roda”. Partidos-altos, como “Samba na tendinha” e “Já clareou” também têm seu lugar garantido na noite, ao lado das imortais “O mar serenou” e “Anjo moreno”, que foram sucessos na voz de Clara Nunes.
A ideia original do presidente do Timoneiros da Viola, Vagner Fernandes, era que, agora, em seu terceiro ano, o bloco homenageasse o Partido em 5, grupo de Candeia que defendeu com sucesso o samba de raiz nos anos 1970. Num papo com o patrono e razão de ser da agremiação, Paulinho da Viola, veio então a ideia de abrir para a vasta obra do sambista o desfile de 2014.
- O que eu acho muito importante na obra do Candeia é a atemporalidade. Ela atravessa gerações e continua sendo referência para todo mundo que se inicia na tradição do samba — diz Vagner.
A novidade deste ano do Timoneiros é uma roda de partido-alto em cima de um trio elétrico, no dia 23, com o grupo Produto do Morro, formado no Granes Quilombo.
- Quando meu pai fundou o Quilombo, ele não tinha a intenção de agredir ou de desafiar as outras escolas. O que ele queria era mostrar a verdade do samba — conta Selma Candeia, presidente da GRANES Quilombo.
Muitos não sabem, mas os dois ícones Portelenses haviam se conhecido bem antes do que imaginavam, foi em 1962, numa noite num jogo sinuca no Largo do Machado.
- Num dado momento, entraram dois homens, que cruzaram os braços e ficaram vendo a gente jogar. Quando acabou a partida, um deles se apresentou como policial e nos pediu os documentos, mas muito educadamente. Entregamos, ele olhou os papéis, depois os devolveu, não falou nada e saiu — lembra Paulinho.
Mais tarde, Paulinho relembrou o fato a Candeia.
- Quando contei a história, ele perdeu a fala. Se tivesse um buraco, ele entrava. Me arrependi de ter falado! — diverte-se o cantor.
Hoje, Teresa Cristina, conforme divulgado no BLOG, a cantora portelense, estreia no Circo Voador o seu muito adiado espetáculo em tributo a Candeia. No domingo, a partir das 17h, na Arena Carioca Fernando Torres, no Parque Madureira, uma grande roda de samba festeja o compositor em evento cuja renda irá para o Granes Quilombo, escola de samba fundada pelo compositor em 1975 e que passa por dificuldades. Dia 23, o Timoneiros da Viola, agremiação criada em homenagem a Paulinho, vencedora do Prêmio Serpentina de Ouro de Melhor Bloco do Carnaval 2012, se apresenta a partir do meio-dia, na Praça Paulo da Portela, em mais uma homenagem ao antigo Mestre.
- Eu era muito novo, não sabia nada, e ele tinha muito cuidado comigo”, conta Paulinho.
Nos anos de 1970, eles começaram a alimentar um projeto juntos: o de recriar com crianças o primeiro enredo da Portela, “O samba dominando o mundo”, de 1935. O plano não foi adiante porque, segundo o cantor, “com o tempo a gente percebeu que não havia muito interesse (da escola), que o pessoal estava mais preocupado com o carnaval, com o poder”. Esse descontentamento com a Portela e a preocupação com a falta de espaço para os sambas de quadra levariam Candeia a fundar o Quilombo, com o apoio de amigos como Paulinho.
- A criação do Quilombo foi importantíssima para a história do samba. Aquela era a a escola ideal — defende Teresa Cristina, que começou a cantar samba justamente por causa de um dos LPs de Candeia, “Sambas de roda” (1975), que seu pai ouvia insistentemente quando ela era menina.
- Este meu show é uma espécie de mea culpa. Ele tem o repertório de uma vida, há 15 anos eu venho querendo fazer um espetáculo só de Candeia, define a cantora.
A luta, a esperança, a carga filosófica e o lirismo da obra do compositor encantaram Teresa, que diz apreciar as melodias dos sambas-enredo de Candeia tanto quanto seus partidos-altos e suas canções românticas (“Tudo ali é legítimo, correto e muito bem feito”).
No repertório de seu show (que teve uma espécie de “ensaio aberto” no ano passado, no Teatro Net Rio), a cantora reúne, entre números isolados e pot-pourris, cerca de 30 canções — de Candeia e de alguns outros compositores por ele gravados. Estarão lá, segundo Teresa, os “hinos”, como “Testamento de partideiro” e “Dia de graça”. E mais o sambista ligado ao candomblé, de “Sinhá dona de casa” e “Camafeu” (esta, de Martinho da Vila), ambas gravadas em “Samba de roda”. Partidos-altos, como “Samba na tendinha” e “Já clareou” também têm seu lugar garantido na noite, ao lado das imortais “O mar serenou” e “Anjo moreno”, que foram sucessos na voz de Clara Nunes.
A ideia original do presidente do Timoneiros da Viola, Vagner Fernandes, era que, agora, em seu terceiro ano, o bloco homenageasse o Partido em 5, grupo de Candeia que defendeu com sucesso o samba de raiz nos anos 1970. Num papo com o patrono e razão de ser da agremiação, Paulinho da Viola, veio então a ideia de abrir para a vasta obra do sambista o desfile de 2014.
- O que eu acho muito importante na obra do Candeia é a atemporalidade. Ela atravessa gerações e continua sendo referência para todo mundo que se inicia na tradição do samba — diz Vagner.
A novidade deste ano do Timoneiros é uma roda de partido-alto em cima de um trio elétrico, no dia 23, com o grupo Produto do Morro, formado no Granes Quilombo.
- Quando meu pai fundou o Quilombo, ele não tinha a intenção de agredir ou de desafiar as outras escolas. O que ele queria era mostrar a verdade do samba — conta Selma Candeia, presidente da GRANES Quilombo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário