Bianca Monteiro fala sobre presença de famosas no carnaval: ‘Não é só chegar e sambar’
À frente dos ritmistas da Tabajara do Samba desde 2017, sambistas fala ainda sobre compra de cargos em escolas e rivalidade entre rainhas: 'Querem criar uma competição'.
Bianca Monteiro conquistou de vez o seu lugar como rainha de bateria da Portela. Sambando com a Tabajara do Samba no carnaval desde 2017, a sambista sente na pele essa certeza a cada vez que veste as cores da escola. “A Portela é uma escola muito unida e eu sou a rainha que eles escolheram, uma verdadeira rainha da comunidade. E não tem como não se sentir acolhida e amada com tudo isso”, analisa.
Cria de Madureira, Bianca vê na presença de famosas em postos de destaque uma via dupla de oportunidade.
“Não é só chegar e sambar. Se a pessoa tem um sonho de ser rainha de bateria, ela, no mínimo, tem que respeitar a história da escola e se fazer presente. E, se ela tem condições de ajudar a escola, que assim seja. Ajudar a escola soa mais bonito do que comprar um título. Ser rainha de bateria é um cargo de vaidade. Diferente para quem é da comunidade, porque o samba é o que nos move. Se for para vir de fora, que seja para somar.”
Já no quesito samba no pé para rainha de bateria, Bianca é enfática. Tem que saber sambar. “Não tem essa de que só passista que tem que saber sambar. Você está na frente do coração da escola e tem a obrigação de sambar. Faça uma aula de samba e aprenda. Quem não sabe sambar vem em cima de um carro alegórico.”
Criticar e competir
Considerada já veterana no carnaval, a rainha de bateria da Portela garante que passa imune às críticas que recebe. Seja pelo corpo ou pelo figurino, Bianca diz que não se abala. E, como boa soberana, seu reino está a postos para defendê-la.
“A gente está aqui para aprender. Se for uma crítica negativa, a mim não me abala mais. Mas abala e atinge a nação portelense. Eles compram as minhas brigas. E eu acho que estou indo pelo caminho certo. Que venham elogios e críticas para me fortalecer. Não vou e nem quero agradar todo mundo”, diz.
Já sobre as outras rainhas, famosas ou de comunidade, ela diz que não sobra tempo para assunto que não seja o carnaval. “É um período muito corrido. Mas, querem criar uma competição entre as rainhas. É uma necessidade de criar confusão que nenhuma está preocupada. Existem afinidades, que vão aproximar uma das outras. As artistas vão ser mais próximas e as rainhas de comunidade também.”
Coroa na cabeça
Aos 31 anos, Bianca tem consciência de que o título de rainha de bateria é uma oportunidade de abrir caminhos para as próximas que virão. “Tudo na vida tem início, meio e fim. Estou com 31 anos e meu corpo não é mais o mesmo. Tenho outros planos para a minha vida, como casar e ter filhos. Sem contar, que eu preciso abrir portas para as meninas que virão depois de mim. O meu trabalho é todo para elas”, conta.
“A gente, que vem da comunidade, vive desse sonho de ser rainha de bateria. A gente não é modelo nem atriz. A gente é sambista, essa é a nossa realidade. Então, a gente precisa ter o mérito dentro das nossas escolas e ser respeitada sempre. Mas, não tenho problemas com perder o posto. Eu nasci, me criei e vou me aposentar aqui.”
Obs: A PORTELA hoje mostra que na frente da Tabajara do Samba é o lugar para uma verdadeira representante da casa!
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