Doca, uma das pastoras de nossa Velha Guarda estaria completando mais uma primavera (20/12)!
Jilçária Cruz Costa, conhecida como Tia Doca da Portela, nasceu no Rio de Janeiro no dia 20 de dezembro de 1932! Nasceu no Morro da Serrinha, em Madureira. A mãe foi a primeira porta-bandeira da Escola de Samba Prazer da Serrinha, origem da Império Serrano, fundada em 1947. Passou os primeiros anos da vida ali, na quadra da escola. Tia Iaiá tomava conta da meninada da vizinhança enquanto os pais trabalhavam. E a ela cabia ensinar o bê-á-bá da batucada.
A menina Doca, ainda morou com a mãe e os cinco irmãos na Favela do Pau Fincado, atual rabicho do cais do porto.
Apesar de pequena, Doca sabia que teria de dar muito duro se quisesse ter uma vida mais confortável que aquela, na favela. Miudinha, já ajudava a mãe, Albertina, a vender sopa de entulho para os estivadores do Porto, na troca do turno, de madrugada.
Cresceu e ficou conhecida como Tia Doca, pastora da Velha Guarda da Portela. A mulher cuja vida renderia um samba de enredo épico, daqueles de outrora. O primeiro verso poderia ser a frase que encerra cada uma das dezenas de histórias que Doca conta: “É, já passei por tudo nessa vida”. No refrão, o bordão que sintetiza o jeito de verdadeira dona de terreiro da tia: “Comigo, não, o que é que há?”.
Doca foi tecelã e empregada doméstica. Entrou para a Velha Guarda da Portela em 1970 e chegou a gravar com Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Marisa Monte!
Passou o tempo e a notícia do pagode da Tia Doca se espalhou pelo subúrbio. A receita era infalível: uma árvore frondosa, chão de terra, cerveja gelada, comida boa e músicos idem.
Com o pagode e as participações especiais em discos, Doca criou a família. Foi o produtor Rildo Hora quem sugeriu a Beth Carvalho o nome da pastora para compor o coro de um novo disco. Depois os convites vieram de Clara Nunes, Paulinho da Viola, João Nogueira, Elza Soares, Luiz Ayrão e Grupo Fundo de Quintal.
- Ainda esperei por três meses para ver se o meu marido voltava com uma compra, se a consciência doía, mas nada. O pagode da Tia Doca foi uma forma de sobrevivência para mim. Eu só sabia cantar, sambar e cozinhar, lembrava Doca.
Doca só foi apresentada à Portela em 1953, após o casamento com Altair, filho do compositor Alvarenga, irmão de Jair do Cavaco, da Velha Guarda, e afilhado de Paulo Benjamin de Oliveira, o Paulo da Portela. Para nunca mais sair.
Era no quintal de Tia Doca, em Oswaldo Cruz, que a fina flor do samba de Madureira esquentava os tamborins e viu brotar sucessores. A Velha Guarda passou a se reunir no quintal de terra batida de Doca e do marido Altair. Durante cinco anos, até 1980, a turma da Velha Guarda ensaiou debaixo da mangueira do casal. Lá nasciam os mais belos sambas, versos temperados pelas iguarias que a dona da casa trazia fumegando do fogão à lenha.
Em 2008 participou do documentário "O Mistério do Samba", produzido por Marisa Monte.
Nossa eterna saudade aquela verdadeira sambista portelense!
A menina Doca, ainda morou com a mãe e os cinco irmãos na Favela do Pau Fincado, atual rabicho do cais do porto.
Apesar de pequena, Doca sabia que teria de dar muito duro se quisesse ter uma vida mais confortável que aquela, na favela. Miudinha, já ajudava a mãe, Albertina, a vender sopa de entulho para os estivadores do Porto, na troca do turno, de madrugada.
Cresceu e ficou conhecida como Tia Doca, pastora da Velha Guarda da Portela. A mulher cuja vida renderia um samba de enredo épico, daqueles de outrora. O primeiro verso poderia ser a frase que encerra cada uma das dezenas de histórias que Doca conta: “É, já passei por tudo nessa vida”. No refrão, o bordão que sintetiza o jeito de verdadeira dona de terreiro da tia: “Comigo, não, o que é que há?”.
Doca foi tecelã e empregada doméstica. Entrou para a Velha Guarda da Portela em 1970 e chegou a gravar com Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Marisa Monte!
Passou o tempo e a notícia do pagode da Tia Doca se espalhou pelo subúrbio. A receita era infalível: uma árvore frondosa, chão de terra, cerveja gelada, comida boa e músicos idem.
Com o pagode e as participações especiais em discos, Doca criou a família. Foi o produtor Rildo Hora quem sugeriu a Beth Carvalho o nome da pastora para compor o coro de um novo disco. Depois os convites vieram de Clara Nunes, Paulinho da Viola, João Nogueira, Elza Soares, Luiz Ayrão e Grupo Fundo de Quintal.
- Ainda esperei por três meses para ver se o meu marido voltava com uma compra, se a consciência doía, mas nada. O pagode da Tia Doca foi uma forma de sobrevivência para mim. Eu só sabia cantar, sambar e cozinhar, lembrava Doca.
Doca só foi apresentada à Portela em 1953, após o casamento com Altair, filho do compositor Alvarenga, irmão de Jair do Cavaco, da Velha Guarda, e afilhado de Paulo Benjamin de Oliveira, o Paulo da Portela. Para nunca mais sair.
Era no quintal de Tia Doca, em Oswaldo Cruz, que a fina flor do samba de Madureira esquentava os tamborins e viu brotar sucessores. A Velha Guarda passou a se reunir no quintal de terra batida de Doca e do marido Altair. Durante cinco anos, até 1980, a turma da Velha Guarda ensaiou debaixo da mangueira do casal. Lá nasciam os mais belos sambas, versos temperados pelas iguarias que a dona da casa trazia fumegando do fogão à lenha.
Em 2008 participou do documentário "O Mistério do Samba", produzido por Marisa Monte.
Nossa eterna saudade aquela verdadeira sambista portelense!
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